terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Meu Infinito... *

Continuo minha peregrinação em um novo deserto, procurando um novo desafio.
Ainda ferido, com a sola dos pés em bolhas e queimadura nos braços, penso que tudo isso é pouco comparado a minha sede que mata.
Sozinho eu continuo minha trilha, sozinho eu corro no meio de terras coloridas, olhando as poucas vegetações existentes nesses lugares tão estranhos e exóticos.
O cheiro de maresia somada as constantes mudanças dos ventos, fazem em alguns segundos, se alterarem trazendo o odor de enxofre ou rosas.
Sigo.
Sem confiar em minha visão, tento me convencer que (às vezes) minha cabeça pode me iludir, assim caminho lutando contra ela.
Ela não irá me vencer.
Sinto que sou um nada andando e correndo no meio de um infinito desconhecido.
Apenas enxergo morros de areia, caminhos possíveis diversos, possibilidades infinitas.
Um horizonte infinito.
Sigo meu caminho guiado apenas pelo meu instinto.
Sozinho caminho em meu caminho.
Não importa a dor que eu sinta. Não importa as lembranças que eu tenha. Eu sei que nunca vou me curar (física e psicologicamente) sentado em uma pedra. (Uma chapa quente tentando me fritar).
Perderia apenas tempo e esperança.
Esperar talvez que alguém apareça.
Esperar alguém que talvez me entenda.
Esperar alguém que talvez me ajude.
Preciso sobreviver, correr contra o tempo em rumo ao futuro.
Se conseguir sobreviver hoje, amanhã pensarei em nova estratégias para os alimentos, descansos e sonhos de vitórias.
Se eu parar, meus mantimentos acabam. Meus desejos aumentam e meus sonhos me torturam.
Sem forças, sou forçado continuar. A buscar meu amanhã. E, se acabar meus mantimentos - e o meu ar - antes do horário, honrarei.
Esses males não vão me atrapalhar, terei forças mesmo quando não considerar ser possível. Vou sobreviver. Gostando, concordando ou não.
Preciso ainda me preparar.
Caso encontre alguma aldeia, sem saber se são confiáveis, não poderei depender.
Mesmo ganhando conforto, refeições e hospitalidade, irei me virar como sempre, com o que eu tenho. Minha mente.
Não permitirei ser vencido sem lutar.
Controlando meus medos e minha mente, controlarei meu ar e minha vida.
Posso controlar minha fome, minha saudade, meus ferimentos.
Posso estabelecer estratégias para lutas não programadas.
Posso até viver.
Por enquanto, hoje.
Caminho, vivo e enfrento.
Minha caminhada, solos e desafios desconhecidos.
Sem olhar para trás, seguindo e construindo meu caminho.
Por enquanto, hoje.

*Agosto de 1997

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