terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Gerações

Tinha um tempo que eu imaginava ser imortal.
Houve uma época que eu acreditava que um dia voaria.
Aconteceu momentos em que eu dizia conversar constantemente com Deus.

É Pai, eu cresci.

Hoje me lembro.
Já pedi para quando "se eu morrer, me levar sem doer".
Hoje entendo um tiquinho mais.

Não foi surpresa quando meu primeiro fio de barba apareceu.
Não fui o primeiro da classe a ter.

O tempo continuou voando.

Não foi admissível quando comecei a perder minha família.
Não fui o primeiro a perder e sentir.

Hoje em meios tantos fios brancos de cabelo, vejo e aceito o tempo em minha vida.
Aprendi a não questionar.
Aceito o que é meu destino.

Hoje, eu vejo com mais clareza.
Já tenho pêlos e fios de barba branca.

Existe apenas um porém entre o inadmissível e o aceitável.
O intervalo. O meio do caminho. O fim do ato I.

A hora em que não são mais só nossos animaiszinhos que nos deixam.
Um peixinho. Um canário. Um coelho. Nossos Cães.
Duro entender e consentir que estamos numa fase nova.
Não são mais nossos tios que se formam.
Não são mais nossos avós que morrem.
Não são mais nossas tias que têm filhos.

Uma nova geração.
Gera ação.

Presenciamos esse estágio quando tudo muda, e o gélido espanto e a amarga sensação do medo começa a sondar nosso umbigo.

Já comecei a perder esses laços.
Mas eu ainda tenho você.
Obrigado meu Pai, por sempre acreditar e nunca deixar eu me abalar.

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