quarta-feira, 4 de julho de 2007

Hoje eu encontrei o Elvis!

Isso mesmo! Tava saindo da videolocadora (quarta feira é dia de locação mais barata), e vi de relance seguindo em direção do Castelo (a pé!) o próprio. O rei!
“Cacete, é o Elvis. Ta velhão, arregaçado, mas é o Elvis!”
Fui correndo atrás. Diferente do conhecido lay out com macacões em estilo karateka, vi o rei de calça jeans e camiseta branca. As costeletas aparadas, (a minha ta maior que a dele, mas não importa). Puta merda, “O” cara tava ali na frente.
Já quase sem cabelo, grisalho, entradas enormes, nem tão gordo e nem tão magro, uma pulseira e um anel. Não tinha jeito, eu conheço aquele olhar e o gingado.
Fui correndo atrás e, devido movimento de carros quando ele foi atravessar a rua, eu esperei na guia o trânsito diminuir ao lado dele.
Certeza, era ele. Porra! O Elvis tá em Campinas.
Em meio barulhos de buzinadas e freadas do balão, eu não agüentei: “Ohh Elvis??”.. Nada.
Mas eu vi o olho dele correndo para lateral da cara me secando. Nem vem que não tem, quer me enganar né?
-“Porra Elvis, dá um abraço veio! HUG, HOLD ME! AI EM DE FEM NAMBER UON”.
Típica cara de “putz” balançou a cabeça num sentido negativo e atravessou. E lógico, Mazzola correu atrás.
- “Se liga aí Elvis, se você não parar, eu vou dedar você!” e ele? Obviamente, nem tchum.
-
“Porra, eu tenho tudo, cd, dvd, você é do caralho velhão!”
Chegou do outro lado da rua. Nessas alturas, perto da drogaria Iporanga. Pô, só me faltava encontrar o Elvis e ver ele ir na farmácia comprando diurético ou coisas do tipo.
Não, não, ele passou reto e entrou na rua do Pão de Açúcar.
-
“Puta merda, o Rei!, o Rei!” Falava alto e ninguém nem percebia. Uma típica cena normal. Virei pra ele e mais uma vez tentei o contato: “Cara, se eu fosse você, chamava pro pau o Roberto Carlos. Vamos unificar os títulos. Tá certo que o cara é manco, mas garanto também que mesmo coroa consegue meter uma na cara do Michael Jackson. O titulo é nosso. Rei dos Reis!”.
O cara não me dava bola. Todos pedestres continuavam desviando de nós dois, por coincidência, todos no sentido oposto. Não era possível. Ninguém nem reconhecia, mas eu tinha certeza.
-
“Canta uma aí pra mim vai, Always on my mind, my way, little sister, você é o cara! pode até escolher. Pode ser gospel também, eu nem ligo... manda uma aí pô”.
Encontrei o Braím da padoca atrás de casa vindo na minha direção: “O Braím, chega aí véio, olha quem tá aqui. O Elvis porra”.
(falando baixinho) “Se liga que é Deus lá em cima e você aqui embaixo ne?”
- “O Elvis? Costello?” diz o Braím.
- “Não caralho, o Presley! O rei! Deus, Blue suede shoes, love tender!!”
- “Mas o Elvis não morreu?”
- “Olhaaaa o cara aqui veeeeio. Interão!!!”
- “Mas eu nem conheço o cara, ele mora aqui? Ta mais prum cover aidético viu.”
- “Sei lá, to seguindo ele.. ele num tá afim de papo comigo, mas eu já saquei a dele. Vamô junto. Uma hora ele falará conosco.”
Mas NEM sinal do senhor parar. Até parecia que já estava acostumado com essa situação.
- “O Braím, corre lá no seu Jão e pede pra ele dá um chego aqui correndo pra confirmar. Ce vai vê só. É o Rei mano!”
Enquanto o Braím saiu fora, eu já tinha cruzado a Orlando Carpino, e estava quase cruzando com a Rua Germânia, quando eu resolvi abordar o cara de novo.
- “Você é foda heim! Mas ó, vou falar pro cê porque sou seu amigo. Na boa, cara... se no seu tempo tivesse Aids, você tava fodido, até porque você já comeu todo mundo né?!”
O grisalho parecia dar cada vez mais as costas. Parecia até que ele nem ligou com meu comentário. Incomodado com a perseguição, aumentou o passo gradativamente, começando quase a correr.
Eu fui correndo atrás “Alááá ta vendo? Manda o Roberto Carlos dá esse pique porra. A perna dele cai no buero.”
Foi quando ele parou.. Olhou pra mim.
- “Aeee puta merda é o cê mesmo!!”
Acabei de dizer isso, ele levantou o indicador.. ameaçou falar, mas desistiu. Foi virando as costas, nessas alturas já ofegante. Afinal, sua saúde não era mais de ferro, muito menos de alumínio.
MI MI – era a buzina da Braza Amarela do seu Jão. “Mazzola, cadê o porra do seu Elvis?”
- “Tá aqui oh!”
- “Num to vendo cacete, num é pegadinha do João Kleber não ne?”
Segurei o pano da manga já frouxa, perto do cotovelo.
- “Sabe como é. Se for o muleque canceroso que foi no programa do Ratinho cê tá ferrado”
Seu Jão enconstou a Braza perto da sarjeta, estávamos perto da mecânica e ele saiu pra olhar de perto.
Quase gritando não agüentei: “Falei pro senhor! É o Elvis manooo”
O senhor perseguido, já irritado passou a mão no rosto, enxugou o suor da testa. Visivelmente já no limite da paciência.
Seu Jão lançou “canta pra nóis que daí eu falo se é ou se não é”. No meu tempo, eu comprei lá na Galeria Barão uns long play. Do Elvis e dos Beatles eu manjo tudo.
Eu comecei a insitir “Sing for us! Love me tender. Love me tender! Repeat plis, Love me tender. Looovi mi ten-deeeeeeeeer!”
Jão entrou na folia e insistia também.
Eis que o astro parou e abriu a boca. “Lohhuvee- mi teeendehhr”. Porronto? Poóde me ir aróra?”
- “Sei não Mazzola. Ele tá fanho”. Seu Jão claramente desanimado, coçando a cabeça.
Abriu a portão do número 376 e entrou com passos largos sem falar mais nada. Correu, abriu a porta com vitrôs semi-abertos, virou pela última vez em nossa frente, trancou a porta e nem olhou para nós.
“Puta que pariu, falei que era ele. Ele nem conseguiu me enganar.”

2 comentários:

Apoteose disse...

Se vc encontrar com ele de novo me chame rapidinho, nem k ele esteja fanhoso, arregaçado e velhão. Eu dou um jeito nele logo.

Apoteose disse...

Se vc encontrar com ele de novo me chame rapidinho, nem k ele esteja fanhoso, arregaçado e velhão. Eu dou um jeito nele logo.