segunda-feira, 25 de junho de 2007

LA MUERTE

Bebericava uma cerveja quente neste bar lá perto de casa quando me aparece uma figura muito estranha. Ela vestia uma túnica preta, carregava uma foice e parecia flutuar por sobre o chão.

- Pedrooo...
- Ei, psiu, sai fora. Tenho dinheiro pra te dar não.
- Yo vengo te buscare, Pedrooo...
- O quê?
- Yo soy la Muerteee...
- A morte? Não, peraí, acho que houve um engano aqui, meu senhor. Eu ainda sou muito jovem e gozo de boa saúde.
- No, no. Es usted miesmooo...
- Olha só... tem um asilo cheio de velhinho do outro lado da rua. É logo ali e você vai adorar. Vamos lá fazer uma festinha, anda.
- No, no quieroooo! Tire su mão de mi braçooo...
- Tá bom, calma. Mas e se nós fizéssemo um acordo, hein? É que eu ainda sou muito jovem.
- Uno acuerdoooo?
- Isso. Nós disputamos um jogo. Se eu ganhar, fico por aqui mesmo.
- Mas que juegoooo? El xadrezzz?
- Não, xadrez é muito complicado. Nunca aprendi a jogar. Pra falar a verdade, o único jogo que eu conheço é o Super-Trunfo de carro. Aquele das cartinhas, conhece?
- Siiii, coñeço... Vamos juegare entonces...

Chegando em casa...
- Ô Máaarcia! Põe mais água no feijão. A Morte veio aqui pra jogar comigo.
- Hein? Mas o que é isso? Você vem da rua e fica trazendo essas coisas pra casa! Mês passado foi aquele cachorro sarnento, agora vem com essa Morte.
- Márcia, por favor! Ela é visita.
- Visita ou não visita, isso daí não senta no meu sofá.
- Ahh... Desculpa, dona Morte. É que a Márcia é chata pra cacete mesmo.
- No problemaaaaaaa...
- Deixa eu embaralhar aqui as cartas. Aceita um torresmo?
- Si.... Humm, muy gostosooooo....
- Toma aí. Você começa.
- Humm... Yo escolho la velocidaddddd...
- Ok, meu carro faz duzentos e...
- Ei, amor, eu sei o que essa Morte é! Tem foice, é comunista.
- Porra, Márcia!! A gente tá tentando jogar aqui! Dá um tempo.
- Não, sério. Aposto que essa coisa nojenta aí é do PT. Movimento dos sem terra, essas coisas. Olha a foice.
- Yo no soy del PTTTT...
- Márcia, será que você não percebe que eu tô tentando salvar minha vida aqui?! Vai arranjar o que fazer e me deixa em paz!!
- Eu é que quero paz. Minha mãe sempre dizia que...
- Chega!! Quer saber de uma coisa, dona Morte? Meu carro não faz nem 40 quilômetros por hora. Você ganhou, me leva daqui, me tira de perto dessa mulher.
- Nonnnn... Yo quiero elaaaa... Yo gosto de tu mujeeerrrr....
- Hahaha, quer leva a Márcia? Tá na mão. Ôoo Márcia, faz aí a sua malinha. A Morte vai te levar com ela.
- Me levar pra onde??
- Coñieces Arubaaaa?
- Não, é bonito?
- Mutchas playaaaas, cassinoosssss....
- Praias, cassinos, hummm... Ok, vambora.
- Ei, ei, ei. Peraí. Me leva nessa bocada também!
- No... Deu moleeeeeee....

Fonte: Pedro Ivo - http://www.interney.net/blogs/loser/

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